Pele na menopausa: um novo ciclo de cuidados

Mind, Skin, Soul
Atualizado em 15.04.2024 | Postado em 02.05.2023
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Descubra como as mudanças que acontecem na menopausa podem refletir na saúde cutânea, as principais características percebidas e as estratégias para cuidar melhor da sua pele nesse momento.

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A chegada da menopausa é acompanhada de mudanças biológicas que acontecem naturalmente com as mulheres, principalmente as alterações hormonais. Donas de um corpo incrível, complexo, que se manifesta de diferentes formas no decorrer da vida, na menopausa, um novo ciclo de cuidados se apresenta para manter o organismo feminino em equilíbrio e a pele saudável.

Neste texto, você vai entender um pouco mais sobre essas mudanças e conhecer dicas e hábitos que ajudam as mulheres a cuidar da pele na menopausa.

Por que as mudanças que acontecem na menopausa refletem na pele?

A pele acompanha e reflete as condições do corpo, e algumas delas são mais perceptíveis em determinadas fases da vida feminina, como na menarca (ou primeira menstruação), na gravidez, e na menopausa.

A revisão científica Skin, hair and beyond: the impact of menopause (2022) destaca que, em média, a menopausa inicia aos 51 anos de idade, 12 meses após o último ciclo menstrual, e está intimamente relacionada com a diminuição na produção dos hormônios estrogênio e progesterona sintetizados em sua maioria pelos ovários. Antes disso, há o período do climatério, no qual acontece a redução e flutuação da produção desses hormônios, precedendo o fim da fase reprodutiva.

Quando falamos de pele na menopausa, é importante saber que o nosso maior órgão é um dos que mais são impactados por essa oscilação hormonal. Uma questão interessante é que os hormônios estão envolvidos em muitos processos biológicos, além do reprodutivo, que acabam interferindo na pele por diferentes caminhos, principalmente o estrogênio.

Função de barreira

Um estudo destacou que a deficiência de estrogênio durante a menopausa pode alterar importantes propriedades da pele, como a sua função de barreira. Isso acontece porque a pele perde umidade e produz menos sebo nessa fase, o que contribui para o seu ressecamento, uma característica muito comum relatada por mulheres na menopausa.

A função de barreira da nossa pele tem um grande “defensor”, chamado de manto hidrolipídico, que é como se fosse uma película que temos naturalmente na superfície cutânea, formada por uma emulsão de água e gordura. Esse escudo contribui para a flexibilidade da pele, para a contenção de água e para a proteção diante das bactérias, dos fungos e de outros microinvasores que podem prejudicar a saúde.

Atuação antioxidante

pesquisas que relacionam o estrogênio com efeitos antioxidantes. Em uma delas, foi sugerido que determinados compostos fenólicos que possuem estrutura similar ao hormônio podem neutralizar a atuação de radicais livres que, quando estão em excesso, podem danificar o DNA celular e contribuir com conhecidos sinais do envelhecimento, como manchas, flacidez e rugas. 

Assim, a queda ou pausa na produção do estrogênio pode ter relação com a redução da proteção antioxidante da pele, muito importante para protegê-la dos raios UV, para a reparação celular, para o sistema de defesa natural da pele e para outros mecanismos.

Produção de colágeno

Você já deve ter lido que a produção natural de colágeno e elastina vai sendo reduzida com o passar do tempo, e que é um dos fatores associados com o aparecimento de rugas e com a flacidez. O que pode ser novidade para você é que estudos indicam que os hormônios que param de ser produzidos ou têm a sua produção reduzida na menopausa também podem impactar nesse processo.

Uma revisão científica trouxe estudos que correlacionam a deficiência de estrogênio com a redução da espessura da pele e com a diminuição da produção de colágeno após a menopausa.

Vale ressaltar que as fibras de colágeno e elastina são muito importantes para a estrutura cutânea, e podemos destacar como suas atuações a sustentação e elasticidade da pele.

Capacidade de cicatrização

A cicatrização não costuma ser tão lembrada quando falamos de pele na menopausa, mas a ciência vem demonstrando que existem indicativos sobre o assunto. Algumas evidências analisaram o estrogênio e sua contribuição na cicatrização de feridas ao identificar como o hormônio pode somar a respostas anti-inflamatórias e estimular a reparação dos tecidos da pele.

Trazendo para o dia a dia, você pode perceber que uma das características do envelhecimento da pele é o seu afinamento, o que a deixa mais propensa a lesões. A capacidade de cicatrização é importante para restabelecê-la.

Surgimento de acne

Se por um lado, a pele mais seca é uma das questões percebidas por mulheres na menopausa, o aparecimento de acne, que costuma “dar as caras” na pele mais oleosa e no período da adolescência, também pode acontecer. 

Um estudo sobre acne na menopausa explicou que o aparecimento das lesões pode estar relacionado com o aumento relativo de hormônios andrógenos, assim como o surgimento de pelos em regiões que são comuns nos homens e a queda de cabelo. O aumento é relativo porque esses hormônios podem ganhar mais relevância no corpo feminino diante da redução dos hormônios femininos e não, necessariamente, que sejam produzidos em maior quantidade.

Segundo o estudo, outros fatores favorecem o aparecimento de acne na menopausa, como a genética e aqueles ligados ao estilo de vida, como dieta, sono e estresse.

Pele na menopausa (além dos hormônios)

Temos que considerar outras questões quando falamos dos efeitos da menopausa na pele. A verdade é que pode ser desafiador apontar de forma isolada o que é motivado exclusivamente pelas alterações hormonais ou pelo envelhecimento natural do nosso corpo ou, ainda, por fatores externos, sociais e até mesmo emocionais.

Se colocarmos na balança tudo que acontece com uma mulher que chega na menopausa, fica mais perceptível que as mudanças não são “ou isso, ou aquilo”, mas podem ser “e isso, e aquilo”. 

Um bom exemplo é a produção de colágeno. Ao mesmo tempo que pode ser influenciada por hormônios, também há fatores do envelhecimento do corpo, que naturalmente diminui sínteses importantes, e o estilo de vida, que também pode interferir nessa produção.

Por isso, um olhar integrativo e generoso para a pele deve ser priorizado, mas vamos falar um pouco mais sobre isso no decorrer do texto.

Quais as principais características da pele na menopausa?

A publicação Women’s perceptions of the effects of menopause and hormone replacement therapy on skin (2011) trouxe que metade das mulheres participantes da pesquisa identificou a pele mais seca como principal sintoma da menopausa percebido na saúde cutânea.

 Aqui, essa característica está no topo da nossa lista. Veja as demais tidas como as mais comuns em literaturas, relatos e percepções:

  • pele ressecada;
  • afinamento;
  • menor elasticidade;
  • maior flacidez;
  • acentuação de rugas e manchas;
  • surgimento de acne.

Como cuidar da pele na menopausa?

Comece compreendendo que a menopausa é um momento normal e natural do organismo feminino, assim como suas manifestações hormonais, que, como vimos, ganham bastante atenção nesse período. 

Ainda, nunca se esqueça que a complexidade do corpo das mulheres está alinhada com a sua extraordinária capacidade de mudança. A menopausa é mais uma fase em que a resiliência feminina se destaca para ser vivida com qualidade, saúde, equilíbrio e amor-próprio. Se prestarmos atenção, é uma oportunidade para fortalecer quem se é ao olhar para si com o autoconhecimento afiado pelo tempo e pelas percepções que só a maturidade é capaz de agregar. 

Falando em percepções, elas são importantes para conhecer o seu corpo e encontrar caminhos para mantê-lo saudável. Assim, existem estratégias que ajudam a manejar as alterações da menopausa para que a saúde e o bem-estar sejam preservados, e a pele também.

Confira algumas dicas e hábitos que você pode colocar atenção para cuidar da pele (e de você) na menopausa:

Capriche na hidratação e proteção no skincare

Se o ressecamento é uma das características da pele na menopausa, então, fica o ponto de atenção para reforçar a hidratação durante o skincare. Uma boa dica é aplicar séruns faciais com ativos altamente hidratantes e mais concentrados.

A hidratação de dentro para fora também conta. Tenha o hábito de beber água (levar sua garrafinha para todos os lugares pode ajudar), e não esqueça dos minerais que auxiliam a hidratação real (rica em eletrólitos), para que, de fato, seu corpo fique bem hidratado. Eles estão em alguns alimentos, frutas e em repositores de eletrólitos.

Já para proteger a pele, o protetor solar é uma recomendação diária bastante comum, mas não esqueça que sua pele está exposta a radiações em outras situações, como a luz azul emitida pelos aparelhos eletrônicos. Também, como a pele pode ficar mais suscetível ao aparecimento de manchas, escolha produtos com alta proteção e aplique diariamente, mesmo em casa.

Outra dica é usar viseiras ou chapéus para evitar a exposição do rosto aos raios solares quando estiver na rua, em uma caminhada ou em outras ocasiões ao ar livre.

Reforce o aporte de nutrientes importantes

Colágeno, antioxidantes, vitaminas e minerais são nutrientes muito importantes para o nosso corpo. Além de uma dieta equilibrada, a complementação por meio de nutricosméticos e suplementos pode ser recomendada para reforçar a presença deles.

Existem produtos que vão além e trazem na sua fórmula compostos que são grandes aliados da pele com ação incrivelmente hidratante, como o ácido hialurônico, assim como poderosos antioxidantes, como o resveratrol, a coenzima q10, o betacaroteno, o licopeno, e a astaxantina. Nutricosméticos em cápsulas ajudam na manutenção da pele e são facilmente encaixados na rotina para nutri-la de dentro para fora. 

Claro que o ideal é sempre seguir a recomendação do médico ou nutricionista para complementar a nutrição de forma equilibrada.

Atenção com o açúcar

Ainda, quando falamos em nutrição de dentro para fora, precisamos salientar alguns nutrientes que prejudicam a pele, como o açúcar. Você já deve ter ouvido falar sobre os malefícios dele para a saúde, e para a pele não é diferente. 

Quando o açúcar está em excesso no organismo, ele ocasiona um processo chamado de glicação, que é quando suas moléculas se unem a proteínas fazendo com que elas não consigam ser reparadas, fiquem rígidas e com suas funções limitadas. 

Se por um lado o colágeno é uma das proteínas mais importantes para a pele ter elasticidade, viço e firmeza, por outro, suas fibras podem ser “alvos” da glicação. Por isso, para manter a pele saudável, é importante evitar o consumo excessivo de açúcar e de outros carboidratos de alto índice glicêmico.

Priorize uma rotina anti-inflamatória

Diante das alterações que acontecem na menopausa e no envelhecimento natural, outra dica é mirar no equilíbrio do organismo, com ações que ajudem o corpo a desinflamar ou a prevenir a inflamação crônica associada ao estilo de vida. Dessa forma, você contribui com a saúde de forma geral, o que reflete na saúde cutânea. 

Segundo o e-book “Combatendo a inflamação”, desenvolvido pela Harvard Health Publishing, uma nutrição adequada e rica em alimentos anti-inflamatórios (frutas, vegetais, oleaginosas, grãos integrais, peixes e óleos saudáveis), a prática regular de exercícios físicos, o gerenciamento de peso, o sono suficiente, a redução do estresse crônico, assim como evitar hábitos prejudiciais, como o tabagismo e o excesso de bebidas alcoólicas, são estratégias que ajudam a amenizar, lidar e prevenir a inflamação.

Pratique técnicas de conexão corpo-mente

É comum que as mulheres que estão no climatério ou menopausa apresentem alterações no seu comportamento, como no humor. Uma curiosidade é que entre os fatores que ocasionam essas oscilações, os familiares e socioculturais aparecem com alta relevância em estudos.

Esses fatores podem impactar na autoestima, nos seus pensamentos e em outras condições que podem ser estressantes para as mulheres. E, paralelamente a isso, os sintomas do estresse podem ser refletidos na pele

Uma das técnicas para manejar o estresse, lidar com os pensamentos e as sensações é a prática de colocar atenção plena no momento presente, com consciência, gentileza e livre de julgamentos. O mindfulness é uma das ferramentas para isso, e uma porta de entrada para criar uma conexão consigo mesma. 

Para manter o equilíbrio, a grande sacada é nutrir esse estado de consciência diariamente, e não apenas em momentos de estresse. Até porque, quando estamos estressados ou sentimos nosso estado emocional alterado, pode ser desafiador parar tudo e tentar encontrar esse ponto de consciência no emaranhado de pensamentos e sensações desconfortantes. Por isso, trabalhar a consciência dia a dia ajuda a mantê-la e é o fio condutor para cultivar a calma, clarear os pensamentos e se sentir bem.

Assim, o momento do skincare pode ser a pausa ideal para a prática de mindfulness. Aproveite a rotina diária de cuidados da pele para desacelerar, colocar atenção e boas intenções enquanto toca a sua pele de forma gentil e amorosa.

Procure orientações profissionais

Buscar orientação e apoio de médicos e profissionais da área da saúde é essencial para as mulheres na menopausa cuidarem não só da pele, mas da saúde como um todo.

Existem terapias de reposição hormonal que podem ser recomendadas, assim como cuidados mais específicos para a pele orientados por dermatologistas, terapias complementares para fortalecer a relação corpo-mente e muitas outras alternativas.

Para fechar a nossa conversa, fica mais uma dica: desperte todo o poder feminino que a maturidade traz para você. A menopausa é mais uma travessia que as mulheres passam naturalmente, seguindo o curso incrível e complexo da feminilidade. 

Priorizar o autocuidado e o autoconhecimento são formas de aproveitar esse caminho, incentivar a autoconfiança, cultivar o amor-próprio e ter uma longevidade abraçada pelo bem-estar. Cuidar da pele, da sua aparência e da saúde tem forte conexão com tudo isso.

Para saber mais sobre cuidados com a pele, siga o nosso perfil no instagram e continue nessa potente jornada. <3

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